Desvendando o Amor Camuflado: A Resposta da Cabala Cristã aos Tons de Ódio nos Textos Sagrados.
II. “A Complicada Arte da Interpretação: Desafios na Leitura de Textos Antigos
O sofrimento é muitas vezes o meio pelo qual as almas são esculpidas, moldadas e aprimoradas.” – Kahlil Gibran
- Prosseguindo a Conversa: Explorando a Continuação do tópico Anterior.
- Entre Crenças e Verdades: Uma Conversa Atual sobre a Bíblia Cristã e os Vedas Indianos.
Dessa forma, a Cabala Cristã se desenvolve ao integrar a ciência exegética, sublinhando a importância do conhecimento profundo da língua morta. Neste estudo, realçamos a complexa interação entre as mensagens espirituais presentes nos textos védicos e nos evangelhos, demonstrando que esses escritos não estão divorciados. A integração destas fontes proporciona uma compreensão mais profunda e significativa, utilizando-as conjuntamente para fundamentar nossa análise.
“Não existe diferença entre os textos sagrados; há apenas leituras diferentes do sagrado por cada cultura.”-Mestre Aquila

Bhagavad Gita
A partir de agora, pretendo estabelecer uma relação mais aprofundada, demonstrando que ambos os textos – o indiano e o cristão – compartilham os mesmos preceitos éticos, morais e sapienciais. Em resumo, são essencialmente um único texto, seja nos Vedas de Krishna ou nos Evangelhos de Jesus. Ambos representam uma única mensagem, apenas com escolas de ocultismo distintas.
Para comprovar isso, apresento dois textos, um do Bagavad Gita, escrito 5000 anos antes de Cristo, e outro do Evangelho de Lucas. Provando a existência de uma relação profunda e única entre os dois, utilizando a exegese a ciência da papirologia, demonstro que, independentemente da língua – sânscrito ou grego -, trata-se de uma única mensagem. Apenas a ignorância ou falta de conhecimento pode distanciá-los. Refiro-me ao Evangelho de Lucas, Capítulo 14, versículo 26, onde Jesus se expressa, e ao Bagavad Gita, Capítulo 1, versículos 27 a 30.
O sofrimento sempre foi para todos.

Bhagavad Gita
Não existe dor e sofrimento mais profundo do que ter que matar uma pessoa amada.
Capitulo 1 VS 27 ao 30.
Sanjaya (O redator)
27 Então viu Arjuna, nos dois exércitos, homens ligados a ele pelos vínculos do sangue: pais, avós, mestres, primos, filhos, netos, sogros, colegas e outros amigos – todos armados em guerra contra ele.
28 Com o coração dilacerado de dor e profundamente condoído, assim falou ele:
Arjuna
29 Ó Krishna! Ao reconhecer como meus parentes todos esses homens, que devo matar, sinto os meus membros paralisados, a língua ressequida no paladar, o coração a tremer e os cabelos eriçados na cabeça… Falha a força do meu braço… Cai-me por terra o arco que tendera...
अर्जुन उवाच
दृष्ट्वेमं स्वजनं कृष्ण युयुत्सुं समुपस्थितम्।
सीदन्ति मम गात्राणि मुखं च परिशुष्यति।
वेपथुश्च शरीरे मे रोमहर्षश्च जायते॥ १-२८॥
गाण्डीवं स्रंसते हस्तात्त्वक्चैव परिदह्यते।
न च शक्नोम्यवस्थातुं भ्रमतीव च मे मनः॥ १-२९॥
A palavra sânscrita que está sendo discutida no contexto da batalha é “yuyutsuṁ” (युयुत्सुं), que pode ser traduzida como “desejoso de matar” ou “disposto a lutar”.
Agora, pause um pouco e reflita sobre este versículo.
30 Mal me tenho em pé… Ardem-me em febre os meus membros… Confusos estão os meus pensamentos… A própria vida parece fugir de mim…
E o sofrimento para você não é exatamente isso! Arjuna, esse guerreiro príncipe que o texto descreve há 7000 anos, já sofria das mesmas dores que você, e ele somos eu e você. Esse problema já era levantado desde que o homem caminha sobre a terra, mas sua origem, de onde é, isso que o texto nos responde. Esse sofrimento está implícito em todo ser humano. E você não é diferente. Como você lida com seus sofrimentos e suas dores é que são o diferencial. Ele ouve Krishna, e você? Quem ouve, tenta lidar com seus próprios recursos.
Evangelho de Lucas.
Não existe sofrimento mais profundo do que ser forçado a odiar profundamente os próprios pais.
Capítulo 14, versículo 26, onde Jesus diz:
Nova Versão Internacional (NVI):
- “Se alguém vier a mim e não odiar seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e irmãs, e até sua própria vida, não pode ser meu discípulo.”
Εἰ τις ἔρχεται πρός με καὶ οὐ μισεῖ τὸν πατέρα ἑαυτοῦ καὶ τὴν μητέρα, καὶ τὴν γυναῖκα καὶ τὰ τέκνα καὶ τοὺς ἀδελφοὺς καὶ τὰς ἀδελφὰς, ἔτι δὲ καὶ τὴν ψυχὴν ἑαυτοῦ, οὐ δύναται εἶναί μου μαθητής.
Poderíamos usar como tradução, em vez de ‘odiar’, a palavra ‘matar’ para μισεῖ. Saiba que a ideia exata se perdeu com o tempo e somente usamos a cultura para dar forma a um conceito de língua morta. Daí, poderia sim, e nenhum acadêmico tem poder para me questionar se eu usar μισεῖ para a palavra ‘matar’.
No entanto, isso poderia causar muita controvérsia, uma vez que, em sua forma original e dependendo do contexto antigo, essa expressão poderia, sim, ser traduzida como uma forma de extermínio, principalmente na Idade Média, em que muitas formas foram usadas para embasar as mortes aos milhares apenas para uma guerra. Estamos lidando aqui com uma língua morta, e hoje sabemos que até mesmo verbos e conjunções criados para traduzir o grego antigo não fazem mais sentido. Entretanto, revisar isso causaria muita controvérsia e fica restrito ao âmbito acadêmico.
Tradução é algo complicado; daí a função do exegeta. Nem todas as traduções do Bhagavad Gita colocam nesse trecho, que lhe mostro em sânscrito, a tradução “que devo matar”. Apesar de no contexto da obra isso estar bem claro, da mesma forma ocorre nos evangelhos.
O tradutor na Idade Média sentiu que essa expressão seria fora da realidade do contexto santo de Jesus. E incentivaria guerras, algo que ocorreu no passado em textos como aquele em que Jesus manda pegar em espadas (Lucas 22:36). Isso causaria danos ainda mais cruéis. E para tanto, traduz a expressão de forma a não causar maiores danos. Isso devido ao “movimento fundamentalista (literalidade)” que surge no século 3 DC e se fortalece no decorrer dos séculos.
Μισεῖ pode ser traduzido de várias maneiras, mas seu conceito principal não se limita apenas a “Odeia”.
Aborrece, Despreza, Prioriza a Mim,Coloca Abaixo…….

A palavra grega para “morte” é “θάνατος” (thanatos), mas alguns ocultistas modernos poderiam dar uma raiz Thanos. Se você estiver interessado na raiz indo-europeia da qual derivam palavras relacionadas, pode-se mencionar a raiz “*dheu-” ou “*dheu-ǝ-“, que está associada a conceitos de morrer e matar em várias línguas indo-europeias.
Isso te lembra algum filme dos Vingadores, onde um mago que simboliza a carta do tarô e que faz parte dos 22 caminhos da cabala derrota a morte? Melhor no segundo filme, entenda o contexto: foi ele ou ela que deu a solução de como matar o senhor da morte que domina as pedras do infinito.
Não é um simples filme; tem muita coisa por trás. O mago, senhor Destino, descobre como vencer a morte, no segundo filme, e isso é lembrado no final. O destino lidera a nova batalha, e ele sabia, como arquétipo do destino, que só voltando ao passado poderia matar o senhor da morte. Semelhante ao conceito do livro ao qual o Bhagavad Gita faz parte, que está no épico Mahabharata?
Em uma parte da guerra do Mahabharata, nesse épico, o maior e mais antigo da humanidade, um homem ou semideus assim como os vingadores, “Karna”, um nome pessoal, e em sânscrito é कर्ण, mata em batalha a própria morte. Isso te lembra algo a batalha dos vingadores e retirada desse livro Mahabharata.
Karna, quando era criança, foi jogado no rio Ganges, exatamente como o profeta judeu Moisés, que também culmina e dá a ideia em Gênesis de matar o sol, o deus Rá. Significa que a morte é morta por Karna (filho do Sol). O Bhagavad Gita diz que a morte foi derrotada. De onde acha que escritores encontraram essa batalha apocalíptica? Não é apenas a Marvel; a DC também utiliza a cabala judaica em seus cinemas.
Entender o conceito de morte nesses textos mitológicos não é fácil. Não basta dizer “mito é mito”. O mito fala com a alma e com o iniciado, como já dizia o apóstolo Paulo. Isso é ensinado nos meus cursos, incluindo os contos de fadas, que são tratados como alquimias remodeladas.
Quanto à palavra grega “Μισεῖ” (misei), que significa “odeia”, tem sua raiz em “μισεῖν” (misein), o verbo “odiar”. A palavra “μισεῖν” tem uma conotação de aversão intensa ou hostilidade em relação a algo ou alguém. Em uma carta (A Morte) do tarô, entre os vinte e dois caminhos da Kabbalah, esse conceito pode ser interpretado como um arquétipo que reflete a dualidade e as complexidades da existência.
Esses textos não falam de ódio, mas sim de amor. Veja como sua cosmovisão, lendo racionalmente e de forma rasa, distorce tudo. Imagine se formos literais como foram e são os religiosos.

Observe Shiva. Ele possui símbolos que, embora representem a morte, na realidade expressam amor.
Isso tem o mesmo sentido de quando Jesus instrui seus discípulos a venderem seus bens e se armarem com espadas (μάχαιρας).Evangelho de Lucas, capítulo 22, versículo 36. Nessa passagem, Jesus está se aproximando de Seu momento de prisão e crucificação, e Ele diz aos discípulos:
“Então, lhes disse: Mas, agora, aquele que tiver bolsa, tome-a, como também o alforje; e o que não tem espada, venda a sua capa e compre uma.”
Sendo extremamente sucinto, o versículo sugere que a solução para lidar com o seu sofrimento está na posse de três elementos: capa (κάλυμμα em grego), uma representação de proteção, símbolo para vestes de luz e com ela você vence essa dor que te dá a sensação de um vazio inexplicável; e espada (ξίφος em grego), símbolo de conhecimento das escolas de ocultismo, a gnose (γνῶσις). De forma super resumida, a capa simboliza proteção, a espada, ação, e a gnose, o conhecimento, todos desempenhando papéis cruciais na resolução dos desafios da vida.
Por séculos, a igreja usou esse texto como argumento para legitimar e perpetrar atos bárbaros em nome de Deus, matar, e não para por aí; é usado hoje por teólogos acadêmicos de peso, que dizem que ele era revolucionário, um reles exemplo, Che Guevara, o cubano que viveu e matou em nome de uma causa. E isso, quem sustenta e defende, são historiadores com doutorado.
E você mesmo, mesmo não sendo um doutor, percebeu que não é isso; é sobre gnose, o conhecimento oculto dos grupos de mistério, a cabala cristã, que tem o poder de curar não só essa sua dor como de mudar seu destino.
Em algumas representações de Shiva, um dos quatro braços segura um tridente (त्रिशूल), frequentemente associado ao poder de Shiva sobre a morte. O tridente também simboliza o controle sobre as três gunas (qualidades) do universo: sattva (सत्त्व – pureza), rajas (रजस् – paixão) e tamas (तमस् – ignorância) Elas, as juntas, nos mostram o caminho da morte ou da vida, assim como a espada de Jesus.
A espada (μάχαιρα), usada simbolicamente, representa o conhecimento (γνῶσις)gnose, que deve ser afiado dos dois lados. Mas não uma espada comum(conhecimento comum), e sim aquela que trago a vocês: a gnose. Isso sugere a ideia de perder tudo material em troca do conhecimento, um conceito presente nas palavras de Jesus.
Infelizmente, a mente e a consciência de poder do mundo medieval levaram de forma literal, e graças a esses e outros versículos, milhões morreram e mataram por quase 18 séculos. Ainda hoje, vemos esse impacto nas igrejas e na mentalidade de muitos religiosos, que, de maneira subreptícia, pregam o ódio. Isso se reflete na polícia, com políticos influenciados pela bancada evangélica, e no dia a dia, com mensagens de ódio camufladas todo domingo. Não é à toa que a homofobia ainda é, de forma velada, uma bandeira cristã.
Para lutar contra essas loucuras que nos contaminam há séculos, prejudicando você, seus relacionamentos interpessoais e familiares, conheça a Cabala Cristã, a fundação para entender essas questões.
Cabala cristã.
Se mostrarmos isso a outras pessoas, especialmente às novas gerações, poderemos, mesmo que de forma sutil e minimamente, fazer a diferença. Afinal, não chegamos a este ponto por acaso.
Infelizmente, o espaço de um blog é limitado, mas teremos mais oportunidades. Neste texto, só tratei de uma expressão e de formas sucintas e rápidas, mas a discussão completa daria um livro enorme. Sendo assim, para a nossa apresentação científica exegética, paro por aqui.

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