Por que Não Vemos Demônios, Espíritos de Mortos e Anjos?

Fase 2: Desenvolvimento ou aprofundamento

“Tudo o que vemos ou parecemos não passa de um sonho dentro de um sonho.”
– Edgar Allan Poe

Os eleitos (ἐκλεκτός), ou preparados, ao perceberem entidades, veem apenas sombras. Ao tentar descrever isso aos leigos, estes logo associam a ideia a demônios. No plano 4D, porém, não existem bem e mal absolutos, mas sim energias em transmutação, tanto positiva quanto negativa.

Quando essas sombras ganham forma, elas refletem imagens que a mente inconscientemente reconhece: figuras decrépitas para demônios e belas figuras humanoides com espadas para anjos, pois é isso que a mente está doutrinada a perceber. No entanto, isso é apenas uma construção da imaginação, derivada de uma narrativa infantil produzida no mundo medieval e que serve tanto para sonhos quanto para relatos de pessoas ditas videntes que dão testemunhos, muitas vezes enganosos. Sabe-se lá as coisas que vi durante a vida em práticas como Umbanda, Candomblé e outras; sempre foram apenas sombras.

“A mente, com seu imenso poder criativo, é capaz de projetar formas humanoides que refletem seus próprios medos e aspirações, tornando-as quase palpáveis na percepção.”

A tradição cabalística possui uma vasta literatura sobre esses seres, mas, ao longo dos séculos, o cristianismo se degradou, e, pior ainda, criou vertentes que denigrem essa herança – é isso mesmo! Os pentecostais, com uma mediocridade que beira o ridículo, desenvolveram instituições teológicas e até mesmo disciplinas acadêmicas, como angelologia, que nada mais são do que caricaturas desses conceitos. Em seu mundo, estudam anjos e conceitos cabalísticos judeus sem nem se darem conta disso; se soubessem, arrancariam os cabelos – veja como são infantis. Não sabem o que estudam, mas acham que sim! Com isso, as formas culturais cristãs do Ocidente consolidaram essas representações mentais, tanto pessoais quanto coletivas, desde a inauguração oficial da Igreja, no século IV.

.As pessoas que dizem ter visto essas entidades geralmente as descrevem de acordo com imagens influenciadas por filmes e lendas; há até quem veja lobisomens e zumbis. Isso ocorre porque nossa percepção e imaginação sobrepõem-se à realidade daquilo que essencialmente não compreendemos. Essas representações surgem em sonhos e visões, todas imersas no holograma energético que cria nosso mundo coletivo. No mundo físico, energizamos muitas coisas, como fracassos, vitórias e até mesmo anjos e demônios.

A física moderna explora uma ideia semelhante com o princípio holográfico, que sugere que o universo pode ser descrito como um holograma, onde todas as informações sobre o universo tridimensional que percebemos estão contidas em uma superfície bidimensional nas “bordas” do universo. Esse conceito, amplamente discutido na física teórica, especialmente na teoria das cordas e na gravidade quântica, sugere que nossa realidade tridimensional pode ser uma projeção de uma dimensão inferior, similar ao modo como uma imagem holográfica cria a ilusão de profundidade tridimensional.

Este princípio foi proposto por físicos como Gerard ‘t Hooft e Leonard Susskind, inspirados pelas ideias de Stephen Hawking sobre buracos negros e a preservação da informação.

Pense, só se vê o que a luz reflete, isso é física. Não se vê o que a luz não reflete, daí as sombras e formas pseudo-físicas de humanos. Para os religiosos, tudo é demônio, mas para filósofos como Platão, são daimon, algo totalmente avesso ao conceito de demônio moderno. “Δαίμων” é o termo em grego para “daimon”, e não possui uma tradução direta, por isso temos apenas sua transliteração.

Quanto aos espíritos dos mortos, deixemos de ser infantis em nossa imagem deles. Não é uma brincadeira. Quando a forma física morre e se decompõe, passa a existir em outra realidade, no tempo 4D, onde não há espelhos, olhos ou ouvidos biológicos, nem as suas imagens. Morreu, morreu, e ponto final – assim os judeus já diziam. Segundo eles, deixamos para trás cascas da alma, e é isso que os teosóficos dizem ser o que os espíritas comunicam: energias que, com o tempo, serão decompostas. Trabalho esse conceito em meu livro.

Sabe por que você não vê um demônio, anjo ou alma? Porque você quer ver algo em forma 4D na forma 3D, o que é impossível, não apenas ridículo. A lei da física diz que quando o observador olha, as partículas não trabalham mais em superposição, existem ao mesmo tempo em dois lugares ou mesmo são tanto energia quanto matéria.

Segundo a física, o observador — ou seja, a mente, e não os olhos ou os sentidos — tem o poder de manipular os fótons, seja como matéria ou energia. Isso ocorre quando a mente está tão obcecada por algo que acaba reproduzindo essa obstinação, manipulando elementos de energia. É isso que muitos religiosos veem, e, muitas vezes, não são entidades metafísicas.

“A mente, quando profundamente obcecada, é capaz de moldar a própria energia, criando ilusões tão reais que confundem até a fé.”-Mestre Aquila.

Observe a complexidade desse ambiente. Pense em mundos do metaverso nos quais nos posicionamos com a mente. Nesse contexto, um guru de mente adestrada pode viajar por incontáveis realidades. E, ao contrário do que se acredita, ele não cria sua realidade segundo suas crenças, mas possui o poder de ver, de fato, a energia e suas declinações antropomórficas – isso sim é ver de verdade. Nós apenas reproduzimos, nessas pontes do metaverso, nossa visão do real; essas projeções não são reais, mas sim uma reprodução da cultura impregnada na mente. Para divorciar-se disso, é algo que leva tempo para ser retirado, pois, desde a infância, as absorvemos como uma simbiose cultural.

Nessa forma física, vibramos no 3D, mas os seres do caos não; eles vibram no 4D. Estou falando apenas dos estudos da física, sem considerar o 5D, 6D e outros incontáveis supostos tempos e espaços. Isso é física ou Cabala judaica? Se eu compartilhar suas conexões, você não vai saber diferenciá-las. Começamos pelo nome Cabala, que traduzido significa ‘desejo’ do ‘observador’.

Para ver seres ou entes metafísicos, como fazer? Você precisa entender e entrar na sua própria mente, não na deles; eles não têm. Mas como? Você vai me perguntar. É necessário conquistar algo que Jesus promete ao apóstolo Pedro: redenção ἀπολύτρωσις (apolýtrōsis). Essa expressão ‘redenção’ vulgariza essa ideia grega, mas não é o que a cultura diz que significa; tem a ver com refazer-se. Mude sua mente e adestre-a.

Aprenda a controlar sua mente. Por exemplo, olhe para suas mãos. O que vê? Desfoque-as e as passe lentamente. Consiga transladar sua mente para a forma do corpo, como nos sonhos. Você vai perceber uma anomalia. Isso é apenas um exemplo para o 3D. Imagine no 4D.

Seja um Eleito, um eklektós, como descrito na carta aos Efésios, porque ele sim vê o mundo como ilusão. Por isso, ele vê as passagens, a ponte entre esses mundos paralelos que a ciência hoje titula, mas que em seu tempo não tinha esse nome, sendo conhecido como ‘Pleroma’, em grego Πλήρωμα. Embora seu significado original se refira ao fim último ou à plenitude, de maneira mais ampla e vulgar, podemos interpretá-lo hoje como o fim último dos mundos paralelos

De fato, tudo isso existe, com seus seres ao seu derredor e, ao mesmo tempo, em seu próprio espaço em 4D, como demônios e anjos. Eles não são bons e maus, como ditam as religiões, mas sim positivos e negativos, refletindo a dualidade cósmica.

Eles perambulam ao seu derredor, mas quando sua mente, como o observador da experiência, os percebe, eles somem automaticamente, exatamente como funciona a Superposição. Entenda, para isso, a experiência das duas fendas. Seus olhos são lentos, mas sua mente, ativa, percebe o espaço e a energia que fluem ao seu redor. Mas eles estão lá. Observe a imagem abaixo de um serafim.

Hoje, ao falarmos de anjos ou arcanjos, os cristãos ocidentais imaginam um serafim como um homem musculoso, com um abdômen definido e uma espada nas mãos. No entanto, os textos que descrevem esses seres afirmam que eles são diferentes da imagem convencional, como a imagem acima. Esse anjo religioso reflete apenas o que a mente está pronta para ver e interpretar. As pessoas, sejam espíritas ou cristãs, tendem a enxergar apenas essas iconografias antropomórficas, limitando-se a reconhecer somente o que estão predispostas a perceber

Na representação do Zohar, o principal livro da Cabala judaica, os serafins estão associados ao ‘fogo divino’ e à transformação. Eles simbolizam a pureza e o amor incondicional pelo cosmos e pela natureza. O nome ‘serafim’ deriva da palavra hebraica שָׂרַף (saraf), que significa ‘queimar’. Esse simbolismo do fogo está relacionado à purificação e ao ardor, representando a potência do Deus ‘Uno’, um ser mental, não monoteísta. Essa potência queima e incomoda ao pulsar das coisas. Um exemplo é o filósofo Nietzsche, que, sendo vegano incondicional e amando tanto os animais, ficou literalmente louco após o episódio em Turim, onde chorou e abraçou um cavalo que havia sido brutalmente açoitado pelo seu cocheiro. Essa cena foi demais para sua mente e seu amor pelos animais; ele sucumbiu, e a loucura foi seu consolo pela crueldade humana.

Os serafins, se pensarmos neles dualmente, são como o exemplo de Shiva na Índia e sua consorte. Ele possui um aspecto masculino e outro feminino, assim como os orixás do candomblé. O ignorante dirá que são homem e mulher, feminino e masculino, mas pense em positivo e negativo. No mito de Shiva, ele luta contra um ser poderoso e, antes de ser derrotado, se transforma em seu lado negativo ou feminino, Parvati, e vence.

Esse serafim possui uma dualidade negativa e positiva que pode queimar a mente ou acalmá-la. Os serafins, assim como os arcontes, rodeiam o ser humano e influenciam a criação que fazemos a todo momento em nossos dias. Sempre criamos nossa realidade de forma individual, e essas energias influenciam nossos dias, servindo para sufocar esse tipo de dor, como no evento de Turim.

No entanto, pessoas sensíveis, que têm um consumo restrito a produtos vegetais e não consomem dor animal, chegam a um ponto em que não conseguem conviver com essa potência reguladora, pois se aproximam muito do lado da luz. O ser humano, querendo ou não, pelo dualismo, precisa desses entes que manipulam essas energias para nos manter saudáveis e mentalmente equilibrados.

Confundir ou antropomorfizar esses seres, colocando tudo em um só saco, é um erro. Infelizmente, os religiosos fazem isso e criam confusão. Se você não acredita, basta ver suas postagens na internet; nem precisa conversar com eles, que dizem ver algo. Eles confundem elementais, anjos, demônios e a alma. Quanto a uma potência dessas, eles dizem ser um ente, mas um “daimon”, em grego, é δαίμων e é genérico, distinguindo-se apenas em sua efetividade e formação energética. Veja a imagem do mito que Ezequiel nos apresenta na Kabbalah, algo coberto de asas. Uma mente saudável deve ponderar, pois não vê, mas sente. Podemos vê-los pelos sentidos, mas não físicos; são mais mentais.

Mas o infantilismo religioso quer ver um ser antropomorfizado, defendendo-o de seus inimigos. Ridículo! Não o seraf está em você, assim como Cristo está em você. A revolta, a rebelião, a regeneração e a redenção estão em você. Aprenda, comunique-se, entrelace-se com isso, sinta-a, viva-a e verá o que quiser. E sério, a última coisa que importa para um verdadeiro iniciado é ver anjos e demônios; isso não tem valor. Para ele, segundo a Cabala, somos superiores a eles; eles são apenas um entremeio e nada mais.

Continua…..

Aquila

Mestre cabalista cristão, cientista (exegeta) de línguas mortas. Neste blog, utilizando o grego koiné, desmembrarei textos apócrifos e ortodoxos cristãos, e também farei uso do sânscrito para explorar textos védicos, como por exemplo a Bhagavad Gita. Prepare-se para uma jornada que desafia sua mente e remodela sua estrutura de conhecimento em relação às crenças limitantes.