Suicídio à Luz da Gnose.

4ª parte.

Para a “γνῶσις”gnose, estamos vivendo esquecidos do que somos. Todos já nascemos num sono profundo, “Num sonho de um sonho”, e nossa cultura, pais e mães acabam de nos afogar em um mundo de ilusões; daí, se suicida, não suporta viver nesse sonho e neste sono, confortáveis nesse túmulo.

“Você, que lê este artigo e já pensou ou pensa em suicídio, venha aprender a despertar o Cristo dentro de si e descobrir a força para continuar vivendo, mesmo nas profundezas do seu próprio túmulo.” – Mestre Aquila.

O suicídio não é algo relevante para o mundo dos gnósticos.

Nossa história de hoje.

“Dentro do nosso eu mais profundo é onde devemos nos recolher, aprendendo a sermos aquilo para o qual nascemos”.-Mestre Aquila.

É neste refúgio enigmático que enfrentamos, com a sabedoria dos antigos, os enigmas do mundo exterior, encontrando proteção nos segredos sussurrados pelos espíritos ancestrais.

Para continuar, é necessário compreender a “γνῶσις” gnose e seu poder; ele (a) o encantará e você desejará viver mais do que nunca.

Ao aprendermos a gnosis, vamos ouvir não só com os ouvidos, mas com todo nosso ser. As portas dos mistérios se abrirão e compreenderemos os segredos ocultos por trás das coisas aparentemente simples, e a morte não terá mais sentido.

Devemos aprender a morrer.

No momento da morte, devemos estar prontos e preparados pela vida, pelas experiências e pelos conhecimentos ocultos despertos em nós. Não morrer de qualquer jeito, chorando numa cama ou desgostoso e revoltado, mas inteiros, plenos e conscientes de que vivemos e fizemos o que deveríamos.

E assim, ao desvendar essas camadas em nós mesmos, alcançamos uma evolução que transcende o mero conhecimento intelectual. Nosso propósito se revela, nossa conexão com o universo se fortalece, e encontramos uma serenidade que nos permite enfrentar até mesmo a inevitabilidade da morte com sabedoria e serenidade.

Creio que ainda não entendeu, serei mais claro. Uma pessoa deve estar pronta para morrer, e isso não importa os meios e sua forma. Para tanto, serei mais específico.

Assim como se lê um mito, por exemplo: a alegoria está em todo texto antigo. O poder da ciência oculta é a interação entre o ser humano e o universo.

O mistério está em despertar poderes em nós, como estudando muito sobre coisas como astrologia e magia antiga, e se conhecer. Ao ler um mito, não é com os olhos ou seus sentimentos racionais, mas a fisiologia oculta, sutis forças que nos fazem entender o que lemos, não na forma macro e externa, mas como ler um símbolo.

Quem vai querer partir ou se matar ao experimentar esse poder em vida? Vai desejar mais, pois como Jesus disse, quanto mais dessa água beber, mais desejará.

“Na morte, silenciam os sussurros dos mistérios ocultos que a vida tão generosamente nos oferece.” – Carlos Ruiz Zafón.

Faz parte da evolução aprender de forma sensível com os mitos, pois eles possuem uma magia que envolve a mente e o coração, não parando até consumir você completamente, deixando-o desejando mais e mais.

Ele tem mensagem, não é algo vazio. Em sua existência, torna-se outra realidade aparente, desperta nossa intuição, camadas que nossa mente racional lógica não tem de entender. O símbolo torna-se transparente, algo além de figuras e palavras. Tem efeitos e poder. Assim são os ritos antigos.

Todos os mistérios da Gnose estão descritos sob forma de alegorias e mitos, assim como toda a Bíblia, desde o início até o fim. Por isso, é importante aprender a lê-los, mas não é uma tarefa fácil. Requer muita sensibilidade. Na antiguidade, apenas os eleitos em sendas específicas podiam compreendê-los.

Dentro de nós, devemos…

Devemos aprender a nos manter seguros e sólidos, protegidos mesmo em uma grande guerra interna ou em um turbilhão avassalador do mundo externo que nos faça sentir vontade de nos matar. Devemos progredir nas camadas em nós que devem ser desconstruídas e exploradas.

Devemos construir em nós mesmos uma barreira impenetrável, onde temos refúgio sempre que necessário, se não somos frágeis. Por exemplo, devemos treinar como escutar sem ouvir, entender como se lê mitos, treinar escutar o som das pedras se desgastando e de folhas caindo, e até mesmo o som de uma planta crescendo.

Quando chegamos nesse nível, nossa presença some diante dessa grandeza e nós, enfim, evoluímos. Aprender a morrer, se não morrer desperto, não importa sua morte.

Esqueça de si mesmo, e aí estará livre.

Como uma casa que pode ser destruída e reconstruída muitas vezes, mas no fim, você só verá uma casa, como se nunca tivesse sido destruída.

Aí somos nós vencendo a nós mesmos, não desejando mais, resistindo à dor de se matar ou ao prazer. É necessário nos reconstruir e esperar pelo momento certo de partir. É isso que o suicida tem de entender.

De onde podemos extrair esse conhecimento?

Os textos gnósticos, vulgarmente definidos como apócrifos, fogem à origem dessa moderna compreensão. Eles foram escritos pelos primeiros discípulos de Jesus; o que você tem na Bíblia é historicamente, científica e arqueologicamente aceito como mais recente, perdendo sua credibilidade acadêmica diante desses ditos apócrifos.

“Através da gnose, o ser humano é capaz de se libertar das amarras da ignorância e alcançar a verdadeira liberdade espiritual, desvendando os mistérios ocultos do universo.” – Mani.

Nossa historia.

“Fome de viver, muitos dizem possuir, mas observe quão vazias são as suas buscas.”-Mestre Aquila.

Na próxima fase deste artigo, abordarei o que os verdadeiros e primeiros discípulos de Jesus ensinam sobre a morte e o que acontece depois dela.

Religião não é reconstrução, não são projetos, não é se descobrir e viver de acordo com o que outros ditam. E isso não cabe em lutas reais.

Saiba que nenhum dos livros da Bíblia que você tem foi escrito por discípulos primários de Jesus, mas sim por pessoas séculos depois. Isso tem um peso acadêmico imensurável.

A verdadeira escola que Jesus fundou produziu livros com uma filosofia complexa, transmitida por Jesus aos seus primeiros discípulos. Sua escola promovia a liberdade pessoal, o que contradizia a política e a igreja, que estavam entrelaçadas como um único braço político do Império Romano.

Sem controle sobre as pessoas, a igreja perderia poder, o que era intolerável para seus líderes ambiciosos e arrogantes. Naquele tempo e até hoje, é importante observar quem reivindica autoridade sobre a salvação da alma – Jesus ou a igreja.

A igreja detinha poder sobre a vida e a morte das pessoas. Esses livros de Gnose desafiavam essa autoridade naquele tempo e continuam desafiando hoje; por isso, seus escritores foram mortos e seus livros queimados. Essa foi a verdadeira perseguição.

Fique ciente de que os primeiros cristãos e seus livros, tão sagrados como ortodoxos, tratavam o suicídio apenas como a perda da oportunidade de, em vida, alcançar a expansão da consciência e evolução que só ocorre nesta existência.

A ideia de evoluir espiritualmente após passar por várias mortes e cada uma delas contribuir um pouco para a evolução, culminando eventualmente no alcance do absoluto linear no mundo espiritual, é uma crença moderna, não respaldada por escolas antigas.

É uma construção para incentivar as pessoas a melhorarem. Os antigos, de fato, reconheciam que todas as vidas importam, mas apenas em uma terão a oportunidade única dessa evolução.

Mas você, religioso, poderia perguntar: “E os milhares que morreram por suicídio? Foram para o inferno?” Entretanto, esse conceito não existia nesse mundo. Reconheça que vive pela opinião alheia e admita que foi criado na Idade Média.

Quero que saiba que o espiritismo, que se diz cristão, vai de contra mão sobre a pós-morte. Eles inventaram algo e ditam como verdade, algo totalmente diferente, anos-luz do que as escolas que Jesus criou escreveram.

Sendo assim, não darei e comentarei ou mesmo abordarei essas invencionices de ditos espíritas kardecistas. Vou somente me amparar em escolas de ocultismo e gnose dos séculos 100 a.C. – 150 d.C.

Isso já foi dito por pensadores como Sêneca, no tempo de Jesus.

“Religião é considerada verdadeira pelos homens, falsa pelos sábios e útil pelo poderosos.” – Sêneca





Meu amigo(a), não seja infantil como religiosos. Aprenda a estudar filósofos que tratam da morte e do suicídio em suas escolas, como Sêneca, que escreveu extensivamente sobre esse tema, e outro exemplo, o “cínico” Diógenes de Sinope. Esses são apenas dois exemplos importantes e muito relevantes de escolas que apoiaram o hoje marginalizado suicídio.

Jesus, por outro lado, nunca foi, e nenhum redator dos textos bíblicos daquele tempo jamais se atreveria a argumentar ou combater essas escolas. Isso seria uma confissão de imbecilidade, pois ir contra essas escolas seria como manchar o nome de Jesus.

Ele era, pelo contrário, digamos, um epicurista ou estoico não importa, e os redatores jamais arriscariam ir contra o pensamento de Jesus e sua escola.

Quer suicidar-se? Antes de tomar tal decisão, pergunte-se: você agregou à vida de alguém? Como Sêneca ensina, questione-se e reflita sobre o impacto que teve nas vidas daqueles que o rodeiam.

Se essas pessoas estariam melhor sem conhecê-lo, ou se, de fato, contribuiu positivamente para a vida delas. E como ficarão essas pessoas se você partir?

Se está considerando o suicídio para puni-las, e não teme porque acredita que estará em um lugar melhor, ou que será apagado e não sobrará nada, não se iluda. Em algumas culturas, acreditam que esse seria o preço da evolução e quem se suicida ainda tem que conquistar isso.

Agora, seja franco, pelo menos consigo mesmo: se diz que não quer punir outros pelas suas dores, então sua maior punição seria continuar vivo e continuar sofrendo. E se não quer evoluir, no mínimo, seja menos cruel e não permita que outros sofram por sua causa. Isso seria covardia, e nenhum evoluído é um covarde.

Continua…..

“O conceito da expressão em grego ‘pharmakon’ ‘φάρμακον’significa tanto veneno quanto cura.” –

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Aquila

Mestre cabalista cristão, cientista (exegeta) de línguas mortas. Neste blog, utilizando o grego koiné, desmembrarei textos apócrifos e ortodoxos cristãos, e também farei uso do sânscrito para explorar textos védicos, como por exemplo a Bhagavad Gita. Prepare-se para uma jornada que desafia sua mente e remodela sua estrutura de conhecimento em relação às crenças limitantes.